919:: era bom
Muitas vezes dou por mim a pensar como seria ter uma vida diferente, uma vida completamente diferente daquela que tenho. Uma vida melhor. Começo a imaginar possíveis sítios onde eu poderia estar, coisas que faria, pessoas com quem estaria, conversas que teria, sorrisos que estariam estampados no meu rosto. Gostava de poder fechar o olhar, desejar com muita força ser outra pessoa, e isso simplesmente acontecer. Era bom. Muito bom.
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902:: palavras
As palavras parecem ficar presas na sua boca, mesmo antes de abandonarem esta, como se fosse difícil proferir aquelas coisas. Ela sabe que é, há sempre aquelas palavras que nos custam mais dizer, aquelas que sabemos que irão fazer toda a diferença, não apenas na nossa vida, mas também na vida daqueles que nos rodeiam. De uma maneira ou de outra, grande parte das vezes as nossas palavras têm impacto. E, é por isso, que muitas vezes nos custa dizê-las. Não queremos que as coisas mudem.
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897:: night
Os meus pés arrastavam-se ao longo das ruas escuras daquela cidade, agora completamente despida de qualquer corpo humano, a não ser o meu. Eu vagueava sem saber ao certo para onde me podia dirigir, os meus pés pareciam não conhecer os paralelos por onde eu caminhava. As luzes das ruas, estavam completamente apagadas, e eu nem sequer sabia o porquê. Não sabia porque ninguém andava por ali, talvez as pessoas estivessem doidas e não quissessem vir para a rua. Ou então, a doida era eu por aqui andar. Fechei os olhos e inspirei o ar pura que me rodeava, deixando o mesmo entrar para os meus pulmões, que logo agradeceram essa golfada de ar fesco. Sorri, deixando os cantos dos meus lábios se elevarem e continuei a andar. Sem me preocupar para onde ia ou porque me dirigia para aquele lado e não para o outro. Apenas andava, em busca de tudo ou até mesmo de nada.
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895:: fear
Eu abraçava o meu corpo, tentando proteger-me nem eu sei do quê. Os meus dentes batiam um nos outros, à medida que o meu corpo era percorrido tanto por arrepios de frio como de medo. Os meus olhos lacrimejavam, devido às lágrimas escondidas por trás deles. Só queria correr e fugir dali sem sequer olhar para trás, mas os meus pés pareciam estar colados à estrada. Eu não conseguia mover-me, sentia-me paralizada pelo terror que assombrava o ambiente que me rodeava. Desejava correr dali para fora. Mas eu não podia. Não conseguia.
ps: Adoro quando consigo escrever estes pequenos textos para publicar aqui. Vou tentar arranjar inspiração para escrever bastantes, porque adoro partilhá-los aqui com vocês.
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893:: só a dançar
Os seus pés deslizavam pelo pavimento limpo, à medida que a música ia entrando pelos seus ouvidos, sempre atentos a tudo. Os seus olhos permaneciam fechados, como se assim aquele som pudesse entranhar-se melhor no seu corpo. De um lado para o outro, ela percorria os metros existentes naquela divisão. Nada mais existia à sua volta em momentos como este, era apenas a dança e ela. Numa melodia que ela desejava nunca mais ter fim. Só queria perdurar aqueles momentos por uma eternidade, permanecendo com os seus pés em constante movimento. Só a dançar.
